O mercado de investimento em imobiliário comercial em Portugal registou um aumento de 28% em 2024, atingindo 2,1 mil milhões de euros, comparativamente ao ano anterior. De acordo com o relatório da consultora Cushman & Wakefield, divulgado no inicio de 2025, 74% deste montante teve origem em capital internacional.
O setor do retalho foi o principal impulsionador, representando 49% do total, com um volume de investimento. Entre as maiores transações destacam-se a compra do Alegro Montijo pela Lighthouse Properties à Ceetrus, por 178 milhões de euros, e a aquisição dos centros comerciais LoureShopping, 8.ª Avenida e RioSul Shopping pela Castellana Properties à Harbert, num total de 177 milhões de euros.
Prevê-se um aumento nos segmentos industrial e logística, hotelaria e alternativos para este ano.
Setor do Retalho em Expansão
O setor retalhista registou 800 novas aberturas, um aumento homólogo de 15%. O comércio de rua foi responsável por 71% das novas lojas, seguido dos centros comerciais (13%). A restauração liderou as novas aberturas, com 51%, enquanto o setor de mobiliário, decoração e bricolage representou 18%.
As rendas atingiram máximos históricos, com Lisboa a registar um aumento de 10 euros no Chiado, para 135 euros/m²/mês. No Porto, a Baixa viu uma subida de cinco euros, atingindo 82,5 euros/m²/mês. Nos centros comerciais, as rendas prime aumentaram 12,5 euros, para 120 euros/m²/mês, enquanto nos retail parks subiram 0,75 euros, fixando-se em 13 euros/m²/mês.
Destaque para a Hotelaria
A hotelaria contribuiu com 470 milhões de euros de investimento em 2024, destacando-se a aquisição do Conrad Algarve pelo Grupo Quinta do Lago à DK Partners, por 150 milhões de euros. Outras transações incluem a compra do Sofitel Lisboa Liberdade por um investidor privado, por 75 milhões de euros, e a aquisição do The Oitavos pelo BTG Pactual, por um valor entre 70 e 80 milhões de euros.
No total, foram inauguradas 60 novas unidades hoteleiras, com 3.500 quartos. Entre os destaques estão o Locke de Santa Joana, em Lisboa (370 quartos), o B&B Hotel Porto Gaia (210 quartos) e o Icon Apartments no Porto (170 quartos). Mais de 120 novos projetos, com uma capacidade total de 11.900 quartos, estão previstos para os próximos três anos.
Escritórios e Mercado de Trabalho
O setor dos escritórios representou 13% do investimento total (290 milhões de euros). A aquisição da K Tower pela Real I.S. à Krestlis, avaliada entre 75 e 80 milhões de euros, foi a transação de maior relevo.
Na Grande Lisboa, a ocupação de escritórios aumentou 120%, com 193.200 m² transacionados entre janeiro e novembro, o segundo maior volume da última década. Já no Porto, a absorção foi de 33%, correspondendo a 65.900 m². Para os próximos três anos, está prevista a construção de 234.800 m² em Lisboa e 116.200 m² no Porto, com 46% e 36% da área já ocupada, respetivamente.
As rendas prime também registaram aumentos: na Grande Lisboa atingiram 28,50 euros/m²/mês e, no Grande Porto, subiram para 21 euros/m²/mês.
Segmento de Alternativos e Logística
O segmento de investimentos alternativos representou 12% do total, com destaque para as residências de estudantes. A Xior adquiriu o Home & Co Campo Pequeno por 58 milhões de euros, enquanto a Stoneshield Capital comprou duas unidades em Lisboa por valores entre 55 e 60 milhões de euros.
Já o setor industrial e logístico representou 5% do total investido, com um volume de 100 milhões de euros. Entre os destaques, está a compra pela SIVA à Norfin dos imóveis Imocar na Azambuja, avaliada entre 25 e 30 milhões de euros.
A área ocupada neste segmento aumentou 36%, atingindo 513.400 m² entre janeiro e setembro, superando em 19% o total de 2023. Um dos principais projetos em curso é a unidade industrial da Coloplast em Felgueiras, o maior investimento da multinacional dinamarquesa, avaliado em 100 milhões de euros.
Perspetivas para 2025
Eric van Leuven sublinha que "as expectativas para 2025 apontam para uma recuperação contínua, acompanhada de uma redução de yields e valorização dos ativos imobiliários." Prevê-se ainda um aumento da procura por espaços de qualidade, o que poderá justificar novos aumentos nas rendas prime dos melhores ativos.